quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Medicina


Que tu perdones las injusticias dichas a ti.
Que los compreenda, en toda tu magnitud, que los compreenda.
Son todos ciegos, se van a ciegas, esto hace el dolor con ellos. 
Pero tu eres grande.
Tu tambien necesita tu tiempo. Y tu tiempo es el mejor, hoy sé.
Pero duele y no pueden verte y esperarte.
Que perdones a ellos, pues esto no duele en ti,
y lo que duele en ellos tendrá cura, por ti.
Venga tiempo, con tu tiempo, sea la cura.
Perdone las injusticias dichas a ti.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Tempo, vida ou outra coisa.


Abriu os olhos, olhou ao redor, estranhou aquela luz entrando no quarto. Geralmente seu quarto era mais escuro e aconchegante, mesmo pela manhã. Esquecera-se de fechar a cortina, percebeu. Levantou-se e, após fazer o que era de costume quando pessoas normais acordam, ligou o computador. O que também era de costume para ela. Mas ligou o computador e naquele dia, logo naquele dia, o computador não funcionou. Resolveu então remexer suas coisas e acabou encontrando seu diário de cinco anos atrás. Talvez tivesse mesmo que encontrar aquilo. Sentou-se e começou a ler sobre um tempo em que não tinha tantas coisas que veio a ter depois. E quase se sentiu aliviada, como se fosse a mesma menina de cinco anos atrás. Sem todas aquelas recordações e perdas que tinha ao ler aquelas páginas antigas. Mas esse sentimento logo deu lugar a outro. Dentro do diário estava uma carta de uma amiga. E ler aquelas palavras a fez ver tantas coisas e ficou a pensar na súplica que sua amiga fizera ao escrever aquilo. “Como eu não conseguia ser melhor e cuidar melhor de uma amizade?” 

Tinha 14 anos. Apenas 14 anos. E quando a gente tem 14 anos acha que já tem maturidade, que não vai aprender mais nada, que já sabe tudo, que quando chegar seu primeiro amor vai ser aquele verdadeiro, que não vai te machucar nem te deixar. Quando a gente tem 14 anos a gente sente aquele sentimento que ela sentiu ao ler as próprias palavras, escritas cinco anos atrás. Ficou feliz por ter percebido que a crise exposta naquela carta fora superada, mas ficou muito mais triste por perceber, talvez pela primeira vez, como havia sido descuidada com aquela amizade. Amizade que hoje, cinco anos depois, está mudada, diferente, por causa da vida mesmo, porque a vida leva algumas pessoas para longe, inevitavelmente. Mas se perguntou se durante o tempo em que aquela amizade durou todas as mágoas causadas por ela e todas as suas falhas ficaram de lado e foram perdoadas pela amiga. Gostaria que a resposta fosse sim. Teve vontade de procurar a amiga, agora distante, e dizer-lhe que reencontrou a carta, que mesmo tanto tempo depois, sente muito. Que sente saudades, que espera que esteja bem e que tenha encontrado uma amiga melhor para ela. Gostaria de dizer tudo isso, mas sentiu-se tão envergonhada que preferiu ficar calada.

Sentiu-se mais envergonhada ainda ao perceber que mesmo hoje, cinco anos depois, possui algumas características relatadas pela amiga naquela carta. Se fossem características boas, pelo menos. Falhas. Falhas presentes ainda hoje. Sentiu-se aliviada por conseguir reconhecer isso e decidida a concertar. É o mínimo que pode fazer, por uma outra amizade, já que não pôde fazer por aquela que talvez nem exista mais. E talvez por isso tivesse mesmo que achar aquele diário. E ler aquela carta. Para enxergar coisas que não conseguiria enxergar sem ler aquilo. E sua amiga, ao escrever aquilo, mal sabia que estaria ajudando-a cinco anos depois. Talvez tivesse mesmo que ver isso em si mesma naquela tarde. Para cuidar do que ainda pode, como prometera. E isso é mesmo encantador na vida, não?

Essa é uma das dádivas do tempo. Ensina-nos e nos ajuda a crescer e a amadurecer. Tempo ou vida? O nome não importa. O que importa nesse momento para ela é não ser mais indiferente com uma verdadeira amiga, não pensar, nunca mais, apenas em si própria, embora reconheça que esse defeito já não é tão presente. Já sabe escutar o outro, pelo menos um pouquinho. Não ousa dizer que com 19 anos melhorou todos os seus defeitos. É por isso, por essa maturidade e aprendizado que sente medo, hoje.  Porque sabe que sempre há algo para aprender. E que, geralmente, aprendizados chegam com perdas... Perdas que doem. Medo também porque sabe que algumas amizades chegam ao fim, mesmo quando parecem eternas. Não só amizades. Amores. Vidas.

E diante de tudo isso que sabe agora e que não sabia quando era apenas uma menina há cinco anos, se assusta. Se assusta também ao pensar em tudo que virá a saber daqui há cinco anos, ao ler essas palavras, quem sabe.

Que Deus a ajude a cuidar deLa. Que o tempo seja generoso.
Tempo ou vida, quem sabe.

                                                                                                  Lívia Gurgel

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Quanto tempo leva um coração pra se curar?


Silêncio.
É o que se ganha quando se faz uma pergunta que não tem resposta.  
Não se sabe como tudo começa. A paixão, a loucura, a cegueira toda de um novo e belo amor. E não se sabe como se cura deste ao seu final. Mas chega a ser engraçado ver as pessoas acreditando na cura precoce de um coração. Não é?

- Você está perguntando do meu ou do seu?
Porque eu até falaria que o seu se recuperou melhor que o meu, o que foi surpreendente.

E ri. Juram estar vendo um coração curado. Mas não sabem que um coração pode não estar curado e mesmo assim continuar seguindo? Não imaginam quantas paredes foram levantadas à frente dele. Não imaginam quantas lembranças foram empurradas para sabe Deus onde, para que não retornem, para que não atormentem, pra que um dia, quem sabe, esqueçam o caminho de volta e se percam para sempre.



Sigo em busca desse tempo..


domingo, 10 de junho de 2012

C a n s a d...


Ando tão cansada de urgências. De sentimentos intensos demais, de querer compreender tudo que se passa aqui dentro, das pessoas querendo compreender, das pessoas se importando com coisas pequenas demais, se aborrecendo com coisas pequenas demais, se chateando e cortando relações com outras pessoas por bobagens. Ando tão cansada de drama, de exagero, de reflexões exageradas que não levam a lugar nenhum, de questionamentos, suposições, de desabafos. Ando tão cansada que tudo que eu quero, às vezes, é ficar assim, sozinha no meu quarto em pleno domingo enquanto todos os meus amigos estão juntos se divertindo, uns na boate, outros na casa de alguém, e por aí vai. 
Ando tão cansada de gente se metendo na vida dos outros. Quem decide o que eu vou beber sou eu. Se eu quero beber cerveja o problema é meu.  E se eu quiser sair de uma reunião de amigos porque, sem mais nem menos, não estou me sentindo bem lá, deixe que eu vá. Não podia ser simples assim? Mas as pessoas estão sempre querendo que as coisas permaneçam as mesmas. Inclusive eu, na maioria das vezes. 
Mas e dai se eu não estou afim de ficar naquele lugar com 15 pessoas que antes me faziam bem? E dai que é a segunda vez que isso acontece? Não me senti bem, caramba. Tenho mais é que ir embora. E se eu estiver perdendo a vontade de ficar perto deles, se não quiser mais ir à esses encontros, se não for mais como antes, sinto muito. Com certeza isso não brotou dentro de mim atoa. E isso pode acontecer sem que uma crise surja. Por favor!
Ok, nada disso parece vir de mim, logo eu, sentimental, supervalorizadora das amizades e blablabla. Ando cansada, é isso. Talvez amanhã eu esteja recuperada, mas agora? Estou cansada! Não quero conversas, não quero nada, quero ficar quieta e quero que as pessoas fiquem quietas também.
Eu estou sentindo uma coisa que não sei explicar, não sei direito porque não estava me sentindo bem com meus amigos, não sei porque ando exausta de tudo isso e não estou nem aí pra isso. Não é maravilhoso? Estou apenas sentindo isso e não faço questão de saber o que é, nem o porquê. Deixe aí, uma hora passa. 
Eu não quero outra crise. Nem minha nem de ninguém. 
Isso sou eu agora. Seria egoísmo demais da minha parte querer que as pessoas compreendam isso. Seria egoísmo demais pensar que se algum deles chegasse e me falasse isso eu aceitaria numa boa. Por isso, mesmo não querendo crises, desabafos, discussões, etc, irei continuar convivendo com isso, porque não posso exigir nada dessas pessoas. Esse momento é meu. Essa sou eu agora. Amanhã posso ser outra coisa e... sem crise quanto à isso, mas essa coisa de amanhã pode estar em crise.

Cresci.
Volta e meia volto a ter 5 anos de novo, mas é coisa rápida. De forma geral eu cresci mesmo. Amadureci. Aprendi muitas coisas. Continuo tentando aprender e compreender algumas outras. Mas parece que tem sempre aquilo que me leva pra baixo, pros meus 5 anos. Ele me faz insegura, me desestrutura. Me faz parecer insana. Faz com que eu mesma me magoe.
Mas não. Não é isso que quero escrever hoje.
Essa foi a primeira tentativa de escrever alguma coisa. Logo abandonei o texto.
Fiquei pensando no que escrever e todos os assuntos que me vieram à cabeça me pareceram inadequados. Costumo escrever exatamente sobre aquilo que esta me ocupando o coração e a mente. E muitas vezes isso pode ser repetitivo, pois algumas coisas persistem por um longo tempo aqui dentro. Mas eu decidi que não quero mexer em nada, quero deixar tudo quieto, ta tudo bem assim. Por essa razão venho falado tão pouco, gritado tão pouco. Chorado menos. Olhado mais pra fora do que pra dentro. Acho até que já estou falando demais sobre isso. 
Mas volto ao que me fez querer escrever hoje. 
Sempre gostei de expor o que sinto, de colocar tudo no papel para que, quem sabe, jogando as palavras na folha, o que esta dentro de mim se torne menos doloroso, quando estiver doendo, ou leve mais felicidade pelo mundo, quando for algo feliz.
Mas eu sempre tive um pouco de relutância. Não gostava de espalhar por aí essa minha paixão pela escrita. Sentia um pouco de vergonha de mostrar tudo que eu sentia, como me doía com certas coisas e como eu era complicada e dramática e melosa e sonhadora e blablabla pros meus amigos. Eu acho que ainda sinto um pouco, mas não sinto mais de algumas pessoas. Sem falar que me sentia uma "boba escrevendo bobagens" e não achava muito legal as coisas que eu escrevia. E ainda me sinto assim às vezes, quando, por exemplo, decido escrever um texto pra falar de como é bom quando você vê que algumas pessoas se identificam com aquilo que você escreve (ou na minha linguagem de possível humanista da Psicologia: quando as pessoas são empáticas com aquilo que você diz), ou melhor, quando você percebe que existem pessoas que gostam mesmo do que você escreve. Me dá um orgulho de mim. E pode ser pouca coisa, bobagem mesmo, é só um blog, alguns podem pensar. E nem é tanta gente assim que lê o que eu falo aqui. Mas uma pessoa que seja já vale a pena. Vale mais ainda quando uma pessoa chega e pede pra você escrever. Estou falando do dono desse blog: http://cronollogias.blogspot.com.br/ que me deixou esse comentário, talvez sem imaginar que me deixaria tão contente. Não só pelo fato do pedido deixado no comentário, mas pela admiração que tenho pelos versos escritos e postados no blog, versos que fogem do meu alcance e que por isso mesmo sempre estão a me encantar. Me sinto desafiada e justamente por compreender pouco do que diz sinto como se houvesse um mistério por trás daquelas palavras. Tudo isso pode ser coisa da minha cabeça. Mas as palavras alcançam as pessoas de formas diferentes e as palavras desse blog me alcançam dessa forma, de um jeito misterioso e grandioso. Sei que por trás das palavras escritas ali existem muitos significados que não compreendo. Mas me encantam mesmo assim. 
E meio sem jeito, como comecei esse texto, decidi terminar. 
De repente me peguei a pensar no que disse no início do texto e percebi que se você escreve sempre, sobre tudo, você não cresce sozinha.. todas aquelas pessoas que param e te leem, acompanham o teu crescimento e talvez até se sintam bem com isso. E eu posso dar voltas e voltas, mas sempre estarei no mesmo lugar: o lugar onde me sinto bem quando sei que não estou sozinha. 

sábado, 12 de maio de 2012

Quando?

Se eu sinto saudades de você?

Que pergunta idiota. Ofensiva até. E olhe que é apenas minha imaginação fazendo você me perguntar isso. Pra que eu possa, talvez, responder em um e-mail imaginário e te falar de todo esse sentimento que me sufoca e me maltrata, mas que guardo para mim. 
Sim, guardo, pois não há mais espaço para ele na tua vida. E nem na minha. Mas ele insiste em ficar. 
E aí eu sinto saudade de coisas que eu nem lembrava ter vivido com você, ter sentido com você. E me desespero por não poder te falar dessa saudade. Me obrigo a ser menos ridícula do que fui até agora. 
Queria te falar de como penso em ti tantas vezes ao dia que nem consigo contar. Como me pego lembrando de coisas que estavam (quase) apagadas da minha memória, como sinto falta de conversar com você, ah.. como sinto falta de ter teu amor. Queria te dizer como não consigo imaginar um dia em que eu não sinta mais isso por você. E aí eu penso: mas ele conseguiu. Hoje ele está com outro alguém. Então eu posso conseguir também. Então PORQUE, PORQUE eu não consigo imaginar esse dia chegando? Queria te dizer que essa Lua cheia no céu, sendo reverenciada por todos, me dá raiva porque ainda me faz pensar em ti e porque você disse que ela sempre te faria pensar em mim. Mas em algum lugar debaixo desse céu, enquanto a lua cheia brilha, outra tem teu carinho. Queria te falar de tudo isso que ainda me atormenta, daquela música que fiquei de te mandar e não mandei, daquele livro que li o trecho outro dia e lembrei de ti. Tenho tantas coisas por dizer e nenhum espaço para elas. Preservar. Preservar a mim mesma de outro contato contigo para que, quem sabe, possa te esquecer mais rápido. 
Aquela fotografia minha que fiquei de te mandar e não mandei? Ainda bem. Não há mais espaço nos teus porta-retratos para minhas fotografias e elas se sentiriam muito ofendidas de serem trocadas por outras, assim como me sinto. Mas, lá no fundo, se sentiriam tão felizes por ti, por tua felicidade, por novas fotos, coloridas, ocupando o lugar das velhas. Sei que minhas fotografias se sentiriam assim pelo amor imenso que sei que elas têm por ti, e porque, estando ao teu lado por tanto tempo, conhecem o melhor de ti e sabem que tu mereces o melhor de alguém. Mesmo que não seja eu. 

Quero que você seja feliz. Hei de ser feliz também, depois. 

Quando?

quinta-feira, 15 de março de 2012

"Adeus você.
Eu hoje vou pro lado de lá.
Eu tô levando tudo de mim que é pra não ter razão pra chorar.
Vê se te alimenta e não pensa que eu fui por não te amar.
Cuida do teu pra que ninguém te jogue no chão.
Procure dividir-se em alguém, procure-me em qualquer confusão.
Levanta e te sustenta e não pensa que eu fui por não te amar.

Quero ver você maior, meu bem.
Pra que minha vida siga a diante.

Adeus você. 
Não venha mais me negacear. 
Teu choro não me faz desistir, teu riso não me faz reclinar. 
Acalma essa tormenta e te agüenta, que eu vou pro meu lugar.
É bom, às vezes, se perder sem ter porque, sem ter razão. 
É um dom saber envaidecer, por si, saber mudar de tom.
Quero não saber de cor, também...

Para que minha vida siga adiante."


Quando as músicas falam por mim. 
Ou quando falam pra mim pelas músicas.
Ou quando eu falo pra mim por uma música, por quem não fala.
Mas a música me fala.
Adeus você.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Next chapter.

Talvez poucos entendam essa história. 
Mas eram duas cenas. 

Ela estava sentada. 
Podia sentir a umidade em torno dela. O ar frio. A coluna reta. A própria respiração era como um escudo em torno de si mesma. Coração de gelo, uma amiga dissera. Queria mesmo que fosse. Bom, tentaria. O desespero já não era tão forte. Sensações de vazio. Vazio que trazia calmaria. Abraçava o vazio pelo que vinha com ele. Calmaria. Calma, coração. Calma, pequena. O olhar estava fixo em um ponto no meio do nada. Na sala escura, tons de fogo vindo das velas acesas. O olhar fixo ao nada. O coração de gelo, partido em dois. Não por ele. Não pelo que acabara faz tempo. Mas pelo que estava prestes a acabar. 
E sentada, começou a ver. Essa era a primeira cena.
Começou a assistir a sua história sendo vivida por outras duas pessoas. Começou a ver um alguém que ela tanto amava fazer outra passar pelo que ela passou. É verdade, ele sempre fora assim. Muitas vezes ela rira com ele. Minto. Poucas vezes ela rira com ele de sua canalhice. Nunca fora de aceitar brincadeira com o sentimento de outra pessoa. Nunca lidara bem com mentiras e covardia. Mesmo antes. Mas o aceitava assim. Mas agora, mesmo sabendo que ele sempre fora assim e que ele lhe dedicara tanto tempo de amizade independente de todo o resto, não estava conseguindo assistir aquilo. Era a segunda cena.
Durante muito tempo havia lidado com os nós. Nós que não conseguia desatar. Mágoas que não sabia de onde vinham. Uma amizade que tanto prezava se perdendo. E sem saber o porquê, sofria. Lamentava. Se culpava. O culpava. Cobrava. Soltava. Fez de tudo e continuou sem saber o por que. Não compreendia sua intolerância. Sua raiva. Ele não estava ferindo a ela. Estava ferindo a outra! Mas não aceitava. Não conseguia mais lidar com aquilo e a única coisa que isso causava era distancia entre os dois. Mas sentada, naquela noite, ela percebeu. Aquilo que estava na sua frente. Como não vira antes? 
Era a sua história se repetindo diante dos seus olhos. Era o seu querido, o seu amigo, fazendo alguém passar pelo que ela tinha passado. Como aquilo machucava. E simplesmente não conseguia mais ver aquilo. 
E entendeu o porquê de toda sua intolerância, de todas as tentativas de mudá-lo, de todas as cobranças, entendeu o motivo de tudo. 
Entendeu que perdeu a fé nele. Não sabia se isso tinha acontecido devido às milhares de conversas, brigas, tentativas de fazê-lo agir melhor. Não sabia se tudo isso tinha esgotado sua fé nele. Não sabia se sua fé nele tinha se perdido por causa de suas próprias mágoas, cicatrizes. Não sabia. 
Mas não tinha mais fé nele. 
E isso é a pior coisa que pode acontecer a alguém. A uma amizade. A um amor. A qualquer coisa. E aconteceu. 
E quando todas as cenas chegaram ao fim, sabia que precisava criar outra, em que tudo melhorasse. Sabia e queria. Porque não queria perdê-lo. Queria sua fé de volta. Sua fé nele. 

Próxima cena?

                                                                                                Lívia Gurgel

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Mais uma de amor.

Tenho a impressão de que quando a gente diz:
"Se amanha não for nada disso, caberá só a mim esquecer.."
a gente não acredita que amanhã pode realmente 
não ser nada disso.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Tus hermosos ojos

Os olhos. Talvez os olhos fossem o que mais gostava nele. Não pela cor, não eram verdes, nem azuis... Aquele azul piscina. Não. Não brilhavam. Mas os olhos, não sabia por que, amava seus olhos. Os amantes têm dessas coisas, um detalhe preferido no outro. Por muito tempo, ao olhar para aqueles olhos, sentia que sua vida estava completa. Que bobagem colocar sua vida na existência de outro. Nos olhos de outro! Mas sua vida estava completa. Por saber que aqueles olhos a procuravam, por saber que aqueles olhos que tanto amava só estariam completos olhando para os seus. Ah, os olhos. Hermosos ojos.
E então, aqueles olhos se foram. Porque foi necessário, porque tiveram que ir, porque algo já não podia continuar seguindo. O motivo não importa muito, isso é assunto pra horas de conversa, detalhes intermináveis. Mas eles se foram. Mas ela sabia que aqueles olhos ainda procuravam por ela. Como aquela boca ainda tinha sede dela. As mãos ansiavam por tocá-la. E como tinha vontade de poder tocá-lo também.
E se perguntava como eles a procuravam. Se estavam sem vida. Se mostravam tudo aquilo que ele levava por dentro. Se brilhavam agora... Por outra pessoa. Por algum tempo, soube que aqueles olhos ainda buscavam os dela. Outra companhia dentro dela, essa certeza de que aqueles olhos ainda queriam os dela. Certeza. Essa sim machucaria quando se fosse.

                                                                                Lívia Gurgel

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Em má companhia.

            Dizem por aí, não sei mais se por costume ou por realmente acreditarem nisso, que o tempo ajuda. Aquelas velhas frases que usamos para consolar alguém. Bom.. Quase dois anos, no fim das contas, fizeram alguma diferença. Coração mais calmo. Quem sabe até mesmo aberto para novas experiências. Ok, não tão aberto assim. Mas sei que com os dias, semanas e meses, aprendi como seguir. Aprendi que certas coisas precisam ser adormecidas e isso se faz aos poucos. Não ouvir determinadas músicas. Não ficar parada no tempo relembrando boas memórias: durante algum período a única coisa que isso vai fazer é machucar. Ainda estou nesse período. 
            Mas acho que o tempo me ajudou. Coração mais calmo, sabe? Ou talvez isso seja o que eu repito pra mim e pra você. Talvez sejam apenas aparências, e elas costumam enganar. Eu SEI que dentro dele, do meu coração, há um turbilhão. Insatisfeito, incapaz de aceitar, inconformado, magoado, agoniado. Peguei tudo isso, juntei com as memórias e trancafiei tudo. Não me permito pensar. E faço isso porque quando me permiti tudo isso veio a tona e descobri que ainda estou nesse período em que dói se lembrar e eu perco as rédeas. Não me permito pensar e até me acostumei com isso. Foi a única forma que achei para continuar, a cada dia, seguindo. E a cada dia que terminava, abria a porta e jogava lá dentro a dor daquele dia, logo em seguida fechava outra vez.
            Não se engane. Não estou abrindo essa porta até hoje para jogar essas malditas dores diárias lá dentro. Eu disse que o tempo me ajudou. Ele foi generoso comigo. Raramento abro essa porta pra jogar alguma dor. Mas sei tudo que já foi jogado lá. 
            O único problema nisso? Guardei o amor que sentia lá dentro, junto com as dores e memórias. Deveria ter deixado ele fora. Ele deveria ter ido embora. Mas não. Guardei ele e só me dei conta agora. E agora eu não sei como deixá-lo ir. E confesso: tenho medo de deixá-lo ir. É como uma companhia. Fiz do que trancafiei em meu coração os meus companheiros diários. Sabe quando você decide andar com más companhias, traidoras, que te apunhalam pelas costas na primeira oportunidade? Fiz isso. Escolhi fazer dessas memórias perigosas, dores e desse amor que deveria ter ido embora as minhas companhias, ainda que trancafiados. Escolhi companheiros errados para guardar aqui dentro. E o pior de tudo é que temo o dia em que estiver sem eles. Me seguro naquilo que mais pode me machucar.
           Porque tudo isso foi o que um dia me fez tão feliz.


                                                                                   Lívia Gurgel

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Lágrimas da Lua: Vigília

Eu acabei de ler mais um texto maravilhoso de uma pessoa que a cada dia que eu conheço, gosto mais. E a cada texto que eu leio dela, me identifico mais. Com tudo que ela escreve.
De verdade, eu fico sem palavras com os textos e preciso compartilhar esse que acabei de ler.

"Diante de tal imensidão, um pensamento de menina me ocorre: ele está em algum lugar sob esse mesmo céu, com alguns pêlos a mais na barba e uma porção de novidades na vida. Teria ainda o mesmo brilho ímpar nos olhos, de garoto sonhador em pele de homem? Ou os percalços da vida o teriam feito tão seco quanto aquela que mais o amou?"

Lágrimas da Lua: Vigília: Eu costumava gostar de sorrir, hoje eu sorrio por costume. "Bola pra frente", todos disseram, e eu resolvi ouvir. Vez ou outra uma lágr...

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

E tua ausência fazendo silêncio em todo lugar.


"Metade de mim agora é assim: de um lado a poesia, o verbo, a saudade. Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim.
A fé que você deposita em você e SÓ."

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Te amo por quase um segundo, depois te odeio mais.

Eu fiquei indignada. E eu posso ficar indignada, porque independente da relação existente (ou melhor: não mais existente) entre nós, sua vida ainda é importante, cara. E apostar um raxa com os amigos é irresponsabilidade. Eu costumo ser responsável. Me indigna uma pessoa crescida agir sem pensar nas consequências (falo dessas que podem, por exemplo, TIRAR SUA VIDA), como se tivesse onze anos de idade! ONZE! Fiquei putíssima por você se colocar em uma situação com esses riscos e o pior, os riscos se efetivarem. Porque você capota o carro e chega querendo o quê? Mão na cabeça? Já disse, procure com outra. Eu sei que você não quer sermão e eu não me importo. Você quis ir fazer raxa e agora não quer sermão? Se liga.
              Então é isso. Primeiro eu fiquei indignada. Absurdamente puta por você ter corrido esse risco sendo um cara crescido, agindo feito um retardado mental. Dai você me mandou, lindamente, ir tomar no meu cu. Isso, foi isso mesmo. Minha raiva triplicou. Lá estava eu, dando sermão por me preocupar com sua vida e querer você inteiro e você me manda ir tomar no cu. Não importa que diabos eu estava falando, mandar uma pessoa que você ~ama~ ir tomar no cu porque ela esta brigando porque você colocou sua vida em risco não tem justificativa.
             E me desculpem o palavreado, mas até esse momento eu estava escrevendo movida por raiva. E ela, dentro de mim, precisa ser colocada pra fora.
             Depois de muita raiva, acho que esse sentimento esta virando aquela tristezinha maldita, quando você para e pensa: antes, pelo menos, ele me respeitava. Não me mandava ir pra esse lugar feio. É, eu sei, foi na hora da raiva, mas ele mandou, e nenhuma raiva antes fez ele mandar. Aí é isso que você pensa e não quer mais pensar. Aquela realidade ruim de ser vista, sabe? Ela esta na minha porta agora.
             Sabe o que eu posso fazer quanto a isso? Nada. Ela existe e eu não posso mais mudá-la. E mesmo que eu tente, que eu abra meu coração e fale de como essa realidade é ruim, e que isso não se repita, eu já sei que ela existiu. Basta pra fazer minha raiva sumir e só ficar esse nó no peito.  E ah, eu também não espero palavras de conforto. Nem sei se existem palavras pra confortar isso, porque isso simplesmente existe e entristece. Só queria colocar pra fora, organizar as sensações dentro de mim.
             A sensação presente agora é entristecedora, o nó no peito.